Eu sofro pra caralho, e essa é só mais uma noite igual às outras que passaram
Por mais de três intermitentes anos eu vivi intensamente a minha paixão mortal
Amei a mulher da minha vida e agora estou para sempre sem ela ao meu lado
Já tem um bom tempo que a gente não se fala
E eu me descobri sem um ouvido sequer para o qual eu possa compartilhar minha dor
Estou só e sem ninguém para me ouvir
Estou só e percebi que nem palavras apropriadas tenho a dizer
Eu tenho muito a sentir
E sinto exageradamente tudo isso
Estou padecendo de um mal imenso
Talvez descubra uma força que eu desconhecia ter
Talvez desista e não saberão mais de mim
Mas faça o que precisar ser feito, estarei sempre com essa saudade me matando
Me tirando toda a vontade de lutar
Descobri que na vida não conta somente o amor
Na verdade é pouco pra uma plenitude convicente
A vida exige muito mais e nem todos tem disposição para se dar ao trabalho
Foi exatamente o que aconteceu conosco
O amor da minha vida não foi madura e me tratou como um filme dos muitos que ela viu
E me tomou por um tolo personagem ficcional daqueles romances adocicados
E da minha disposição fiel e abnegada de um começo intenso e radiante
Restou a minha carcaça sentimental, que de vazia e oca
Carrega em si toda essa morbidez da minha aflição silenciosa e flagelante
Morro todo dia um pouco mais
Já é rotina essa falta de ar
E essa tristeza no olhar
Estou a esmo, vagueando por entre lágrimas e suspiros
Por ter amado e perdido
E saboreado a verdade crua
Que não existe perfeição no amor
Que sempre alguém vai se ferir
E chegou a minha vez na vida de passar por isso também.
(Amor da minha, quem dera tivesse sido simples, como quando estávamos juntos e cúmplices, curtindo cada momento a sós, mergulhados no nosso egoísmo voluntário e pagão!)